O Emissário Submarino, aliado a outra intervenção fundamental, o Interceptor Oceânico, surgiu para minimizar estas necessidades e destinar de maneira correta e técnica os resíduos.
Emissário Submarino da Cagece completa 45 anos
Na metida a jovial Fortaleza, poucos sabem, ou mesmo se recordam. Mas a correria da quarta cidade mais populosa do Brasil esconde um gigante que opera, silenciosamente, em seu litoral. O longo nome faz jus ao seu porte: Emissário Submarino do Sistema de Disposição Oceânica de Esgotos Sanitários de Fortaleza. É o complexo esquema de tubulações subaquáticas que conecta o tratamento de esgotos da cidade e se lança por quilômetros mar adentro. Uma das principais obras estruturantes da história da Capital, e que completa 45 anos no dia 25 deste mês de outubro. O Emissário Submarino possui exatos 5.012 metros.
A megaoperação exigiu que fosse construído um canteiro de obras na Praia Mansa, próximo aos atuais moinhos, onde eram montados os tramos – imensos tubos de aço tratado e revestidos com concreto, com comprimento de 180, 220 e 330 metros. Foram 26 unidades variando nesses tamanhos. De lá, seguiam por navios rebocadores para a Leste Oeste. A montagem e acoplagem dos tramos ao Emissário seguiu de abril ao início de outubro de 1978.
A obra era uma urgência para a cidade. Crescendo em ritmo acelerado, Fortaleza tinha uma estrutura de saneamento extremamente defasada para a demanda da época. O Emissário Submarino, aliado a outra intervenção fundamental, o Interceptor Oceânico, surgiu para minimizar estas necessidades e destinar de maneira correta e técnica os resíduos. A solução era a mais empregada na época para cidades litorâneas, tendo similares no Rio de Janeiro e Santos, por exemplo. A inauguração contou com a presença do presidente da República, Ernesto Geisel, do governador Waldemar Alcântara, do prefeito de Fortaleza, Luiz Marques, e do presidente da Cagece, Otomar Soares Falcão, entre outras autoridades.
O equipamento possui 1.200mm de diâmetro interno, 3.205 metros de extensão a partir de sua última chaminé de equilíbrio, 20 metros de altura máxima e é composto por sete tampas de visitas, oito flanges (para evitar vazamentos de fluídos), 200 difusores (para oxigenar os efluentes), entre outros componentes.
Um dos personagens da obra é o engenheiro civil, Petrônio Leite. Ele integrou o grupo de técnicos e engenheiros da companhia treinados em mergulho pelo Corpo de Bombeiros do Ceará para realizar o acompanhamento das obras submarinas. Petrônio destaca que, para acoplar cada tramo ao outro, eram necessários cerca de 50 parafusos, cada um pesando cerca de 40 quilos. “A fase mais complicada foi a inicial, em virtude da lama no fundo do mar em profundidades mais rasas. Depois fomos adquirindo experiência e cheguei a mergulhar a uma profundidade de 26 metros”, conta.
Preocupação ambiental
Antes de lançados no oceano, os efluentes são tratados na Estação de Pré-Condicionamento (EPC), no bairro Moura Brasil. O ponto final do Emissário Submarino, a 3,2 km da orla fortalezense, é constantemente monitorado por laboratórios externos para que a capacidade de regeneração orgânica da biota marinha seja comprovada. Em todas as listas de praias próprias para o banho o índice de balneabilidade da Praia da Leste Oeste está sempre apropriado.
Nestes 45 anos de operação o equipamento nunca sofreu descontinuidade no funcionamento, seguindo com as instalações preservadas e em boas condições de funcionamento, mediante inspeções subaquáticas de manutenção realizadas ao longo de sua estrutura. Um detalhe interessante constatado é que foram criados corais revestindo a tubulação, que repousa no leito marinho, gerando grande diversidade de fauna e integrando o equipamento à vida marinha.
Interceptor Oceânico
Outra obra de grande impacto na Capital iniciou operação em 1978: o Interceptor Oceânico. Com 5.500 metros, em sua primeira etapa, lançada em janeiro daquele ano, o equipamento conectava 120 quilômetros de rede coletora de esgotos sanitários, beneficiando 150 mil fortalezenses, à época, além de canalizar as águas pluviais e riachos ao longo de seu percurso. Ampliado, chega a 6.900 metros. A intervenção é tão importante para a infraestrutura da cidade que, até hoje, a obra “Interceptor Oceânico – Marco do Saneamento”, de Sérvulo Esmeraldo, ilustra a avenida Beira Mar, nas proximidades do Náutico Atlético Cearense.
Linha do tempo
14/04/1978 – Primeiro tramo é lançado ao mar.
9/10/1978 – Último tramo do projeto é acoplado à estrutura submersa.
25/10/78 – Inauguração do Emissário Submarino.
Curiosidades
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Cada tramo do Emissário Submarino tem 26 metros, em média. Por questões técnicas, para melhor acomodar a estrutura ao leito marinho, o primeiro tramo foi montado com 330 metros.
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A montagem dos tramos se dava na Praia Mansa, ou seja, do outro lado do litoral fortalezense, em relação à praia da Leste Oeste. Depois de montados, eram levados via rebocadores.